“Tem mais presença em mim o que me falta”: a política para o Novo Ensino Médio e o cotidiano de três escolas públicas da rede estadual da Paraíba
DOI:
https://doi.org/10.18675/1981-8106.v34.n.68.s18644Palavras-chave:
Políticas curriculares. Ensino médio. Cotidianos. Conversas.Resumo
Com o intuito de contribuir para as discussões acerca da Política Curricular do “novo” Ensino Médio, objetivamos apresentar reflexões sobre a pesquisa que desenvolvemos a fim de compreender como os praticantespensantes de instituições que ofertam essa etapa de ensino subvertemconstroem seus processos curriculares e criam/recriam/compartilham conhecimentossignificações em instituições da rede estadual da Paraíba. Metodologicamente, operamos com os cotidianos como “espaçotempo de produção/criação/invenção de conhecimentos – e de currículos” (Oliveira; Süssekind, 2017, p. 1) e enredamos, por meio das conversas complicadas (Pinar, 2007; 2016; 2017), os saberes produzidos e desconsiderados pelas políticas curriculares. Destacamos que esses conhecimentos vão muito além das prescrições de conteúdos, são tecidos no âmbito das experiências possíveis, nas atitudes e ações de professores e estudantes que dão existência a um currículo criado no chão da escola. Essas tessituras entre fios (conversas) e nós (políticas curriculares) se convertem em tramas que representam as resistências necessárias, pois transgridem as imposições dos conteúdosdisciplinasgrades (Süssekind, Gomes, Cavalcante, Tkotz, 2023) e possibilitam outros enlaces presentes nas universidades-escolas e que faltam à política para o “novo” Ensino Médio.
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