Ensino remoto emergencial: as dificuldades na perspectiva de mães e mães-professoras
DOI:
https://doi.org/10.18675/1981-8106.v32.n.65.s15627Palavras-chave:
Ensino remoto. Gênero. Docência. Maternidade. Covid-19.Resumo
A pandemia provocada pela covid-19 em 2020 provocou intensas mudanças no cenário social. Uma das áreas mais afetadas foi a educação, em especial a educação básica, que, sem preparo, foi da modalidade presencial à remota. Para entender como as dificuldades enfrentadas são distintamente percebidas pelas mães, mães-professoras e seus filhos durante o ensino remoto emergencial (ERE), empreendeu-se uma pesquisa de opinião, entre os meses de junho e julho de 2020, com 395 mulheres brasileiras cujos filhos estão em idade escolar, a fim de entender os impactos do início do ERE para esse grupo. Evidentemente, diferenciamos dentre as mães que compõem a amostra aquelas que exercem a docência, as quais denominamos “mães-professoras”, a fim de pontuar as diferenças entre o que cada uma dessas realidades sofreu com a experiência do ERE. Os resultados demonstram que com a prática do ensino remoto as mães tiveram que se desdobrar para auxiliar os filhos nas atividades escolares, o que provocou grande exaustão física, mental e emocional, sobretudo para as mulheres que têm mais de um filho, que trabalham fora ou que exercem o magistério. Ainda, a faixa etária dos discentes revela crianças e adolescentes entre 2 e 13 anos, que, sem preparação prévia, deixaram subitamente os espaços escolares aos quais pertenciam e tiveram que continuar as aulas de forma remota. Conclui-se que, embora não haja culpados, o processo de ensino-aprendizagem ao longo de 2020 deixou de ser um todo para tornar-se algo fragmentado, por vezes sem rumo certo, cujas consequências para os sujeitos envolvidos ainda não são claras.
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